terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Para ti...

eu sei que tu não vais nunca ler isto. No entanto, fica aqui a minha mensagem de final de ano para mim em relação a ti...

"Quanto a mim, o amor passou.
Eu só te peço que não faças como gente vulgar
E não me voltes a cara quando passo por ti.
Nem tenhas de mim uma recordação em que entre rancor.
Fiquemos um perante o outro como dois conhecidos desde da infância,
que se amaram um pouco quando meninos,
e, embora, na vida adulta sigam outras afeições conservam, no caminho da alma, a memória do seu amor antigo e inútil..."

(Fernando Pessoa)

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Depois dos "trintas" ou a "Estrangeira"

Não pertenço à tribo nem quero dela fazer parte. Tento fugir a cada dia que passa às regras que me são impostas pela própria comunidade, seja ela a "comunidade" família, "comunidade" trabalho ou até mesmo a "comunidade" amigos...
Depois dos "trintas" são-nos impostos determinados tipos de comportamento por estas ditas "comunidades", os quais devem ser cumpridos como "lei". Até aos vinte e poucos somos pressionados para estudar e ter uma formação académica, depois de tanto estudo é hora de encontrar um bom emprego com um excelente horário e um faustoso salário, entretanto, no trabalho ou fora dele, devemos conhecer alguém (com a mesma formação académica que nós e da simpatia dos nossos pais, de preferência) para constituir família e eventualmente passados dois ou três anos ter o primeiro filho...
Não entendo o porquê de nos deixarmos levar... A verdade é que já não me reconheço com a minha geração. Ou melhor será dizer que, não me identifico com as ideias de alguns dos meus "amigos" e nem mesmo com as esperanças da minha família. Não quero ser nem fazer parte da tribo, quero apenas respirar e fazer o que me dá na real gana(com conta, peso e medida, é claro!). Pois que viver, já por si só, é tão penoso, não quero ser mais uma frustada que vive em função de uma vida irreal e que nunca conseguirá atingir...O melhor será dizer, que o amanhã é já hoje...

domingo, 16 de novembro de 2008

"Blindness"

Este sábado de manhã, aproveitei para ligar a televisão e enquanto fazia "zapping" vi pequenos exertos de duas entrevistas do escritor José Saramago, uma de Junho de 1987 e outra de Abril de 1995. Esta última foi dada logo após a publicação do seu livro "Ensaio sobre a Cegueira", o que vem a propósito uma vez que neste momento está em exibição o filme "Blindness" adaptado do mesmo.
Vários estudiosos da obra de José Saramago falaram não só do livro em questão como de outros livros que, também eles, são símbolos da literatura portuguesa, como é o caso de "Memorial do Convento", "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e o "Ano da Morte de Ricardo Reis".
Sou uma "saramagista" assumida, admito. No entanto, quer-se odeie ou quer se ame, a verdade é que ele, até hoje, é o único prémio Nobel português da Literatura. Nas suas entrevistas não se identificou como sendo um romancista, apenas escreve quando tem algo para dizer. As suas personagens encarnam a "vida" e encarregam-se de falar de algumas das suas preocupações sociais.
Todos nós sabemos das escolhas políticas do escritor e do interesse em que este tem de expôr a realidade do mundo em que vivemos. No entanto, e ao contrário do que escreve Ricardo Reis, não nos devemos contentar em saber que a sabedoria de cada um de nós esteja em assistir ao espetáculo do Mundo.
O livro "Ensaio sobre a Cegueira" é uma das provas do que acabei de referir. Fala daqueles que vêem sem ver, daqueles que cegam sem cegar, dos que vivem sem viver...Fala-nos da falta de solidariedade, do individualismo, da solidão das multidões, do nosso lado mais animalesco, da nossa capacidade instintiva de sobrevivência. Para mim, este livro é o livro de referência da obra de José Saramago e a sua adaptação ao cinema ficou deveras surpreendente. Afinal esta cegueira branca afecta-nos a todos e como diria José Saramago no seu livro "Memorial do Convento" "O homem só será feliz quando todos os homens forem reis e todas as mulheres rainhas"...

domingo, 2 de novembro de 2008

Memórias

Há que deixar a vida tomar seu curso...
Há que saber perder e ganhar.
Há que escapar a situações,
Há que deixar pessoas para trás...
Há encontros que nos são amargos
Existem outros que nos fazem recordar
Que tudo na vida tem seu significado
E é tarde demais para podermos alterar
É viver e deixar passar
Guardar memórias
O que é bom de lembrar...
E sentir que as cicatrizes mais profundas
Um dia, também hão-de sarar...
Tenho-me a mim,
(Não me posso esquecer)
Tenho alguém em quem pensar
Se não fizer as coisas agora
nunca sairei do mesmo lugar
Não quero ser mais uma da tribo
Quero ser a invulgar
Quero fazer algo por mim,
Andar por aí a vaguear
Perder-me por entre as ruas estreitas
Deixar o tempo avançar
Quero andar por aí...
para em cada dia me encontrar
Quero uma vida livre
Quero ser pássaro
e saber não voar
Deitar-me em mil camas
e não ter pressa de acordar
Viver mais uma história de amor
Daquelas que fazem chorar
Sentir tudo,
e no final...
Deixar tudo como estava,
não limpar nem mais um canto
fazer de cada dia uma benção
e encontrar nesta vida,
todo o seu encanto...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Red Lights Blues

Vou estrada fora
vejo ao longe muitas luzes
que me fazem pensar
Ligo o rádio na tua onda
mas o modo faz-me parar
Sigo as luzes vermelhas
vou sempre a sonhar
Sonho contigo
penso apenas em ti
mas o medo faz-me acordar
sigo a estrada
ponho-me a andar
cresce mais tempo
brilha-me mais o olhar

quinta-feira, 5 de junho de 2008

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Não consigo...

A minha vida caiu no vazio. Não consigo subir as paredes do nada. Sinto-me encurralada. Sinto-me presa. Quero soltar-me destas amarras. Quero sair deste espaço. Mas não consigo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Deixa-me ir

Não sei o que sentir. Não sei bem o que mais fazer. Ando meio perdida entre o aqui e o ali. Estou com medo. A vida deixou-me aqui parada. Já não sinto nada. Deixa-me ir. Não quero ficar pregada ao chão. Não quero ser mais uma. Não quero não. Continuo a não saber o que quero. Nem o que não quero. Continuo a não sentir. Deixa-me ir...

quarta-feira, 19 de março de 2008

"Para bom entendedor meia palavra basta"

Neste momento já não me interessa saber o porquê da tua ausência. Nem saber porque é que não respondes às minhas mensagens, nem aos meus telefonemas. Também já nem me importa que outra esteja na tua ideia. Já não me vou questionar sobre o porquê desta situação e o que terei feito de mal.
Vou só lembrar-me daquilo que posso, que quero, que sou...
Sem ti, posso ser maior, bem melhor, posso ser mais eu.
Não vou correr atrás, não vou gritar, não vou espernear, enfim...não vou procurar-te mais.
Como diz o ditado "para bom entendedor meia palavra basta".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

LILIPUTIANO

Tentaste telefonar-me durante todo o fim-de-semana. Apesar do número não identificado, sabia que eras tu mas não compreendia o que ainda teríamos para dizer um ao outro. Ou melhor, o que ainda terias para dizer-me. Pensei em inúmeras situações, mas principalmente imaginei que querias estar comigo (erro meu pensar tal coisa).
Na segunda-feira, depois de tantas tentativas, e com a desculpa de que poderia ser algo realmente importante, atendi a tua chamada.
A tua voz ressoou na minha cabeça como o som de mil trompetas. Fui acordada para a vida, fui despertada do meu sonho. Já não te conheço. Aquilo que vivemos passou-te completamente ao lado. Já não sei quem é aquela pessoa com quem estive a falar 1o minutos de coisas tão absolutamente suas que fazem com que me sinta a pior das mulheres.
Tu não me fazes bem.
Criaste no meu imaginário uma figura linda de mulher e deitaste tudo a perder com a tua altivez, com a tua ambição, enfim, com a tua indiferença. Ao contrário do que possas pensar nós não somos amigos, nunca fomos, nem nunca iremos ser. Os amigos querem-se bem, fazem bem, sabem bem. E tu, meu caro, serás a partir deste momento mais do que um inimigo. Serás algo para me lembrar o quão importante eu sou e o quão liliputiano tu és...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Meu amor

"Não existirei sem ti", dizes-me tu em voz doce quase cantada de tão melodiosa que soa. Mas tu não sabes o que dizes. A tua existência não faz de mim um Deus, nem decidirá a tua presença na Terra. Somos apenas dois seres humanos. Não tenho o dom da ubiquidade, nem sou sibila, não faço feitiços, nem sou fada. A tua vida nunca dependerá da minha só porque nos amamos. Amor é dividir, é contribuir com algo para o outro, é na partilha e na entrega que somos maiores, que existimos. E assim somos tão grandes...meu amor...

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Para ser grande, sê inteiro

Neste meu dia de aniversário recordo-me de um poema de Ricardo Reis que passo a transcrever:


"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive "

Ricardo Reis

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Instantes

"Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito,
relaxaria mais,
seria mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiénico.
Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui,
tomaria mais sorvetes e menos lentilha,
teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia a parte alguma sem um termómetro,
uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-quedas
e, se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver,
começaria a andar descalço no começo da Primavera
e continuaria assim até o fim do Outono.
Daria mais voltas na minha rua,
contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças,
se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo"

Jorge Luís Borges

Estupidamente estúpida...

Um dia destes estava a almoçar num deste restaurantes em que se sentam 10 pessoas completamente desconhecidas numa mesa quando oiço uma conversa que despertou a minha atenção.
Passo a citar:
- Para o mês que vem há um feriado."
Ao que a outra responde:
-A sério? Que feriado? Não sei de nada.
A outra do alto da sua altivez afirma:
-Então não sabes, feriado do dia 1 de Fevereiro, dia do trabalhador.
A amiga começa a pensar e pergunta:
- Tens a certeza? Olha que eu tenho a impressão que primeiro é a Páscoa. ( o que realmente não deixa de ser verdade...)
A outra vira-se para amiga e diz:
-Também se não for isso só pode ser o Carnaval, mas esse nunca é a uma terça-feira...
(Foi nesta altura que me levantei para não desatar ao estalo ... tamanha era a estupidez...)

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Deixo-me dormir...

Esforço-me por pensar que seria apenas mais um dia. Acordo durante a noite em agonia por saber por onde andarás. Nada ficou bem. Nem nada, nem ninguém e muito menos eu. Vivo à espera do "não sei quê", que virá "não sei quando". Fico sentada à janela na ânsia de uma espera. Quem me dera, que tudo fosse assim tão simples. Não há amanhacer igual àqueles que tinhamos os dois. Os "bons dias" já não existem entre nós. Estamos separados e quiçá esquecidos para todo o sempre. Passa mais um carro, a noite já caiu. Lembro-me novamente de ti...Deixo-me dormir....

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Página 161, 5ª frase completa

"O mais triste do seu drama era que Remédios, a bela, nem sequer reparara nele quando aparecia na igreja vestido como um príncipe"

in "Cem anos de solidão", Gabriel García Márquez