domingo, 16 de novembro de 2008

"Blindness"

Este sábado de manhã, aproveitei para ligar a televisão e enquanto fazia "zapping" vi pequenos exertos de duas entrevistas do escritor José Saramago, uma de Junho de 1987 e outra de Abril de 1995. Esta última foi dada logo após a publicação do seu livro "Ensaio sobre a Cegueira", o que vem a propósito uma vez que neste momento está em exibição o filme "Blindness" adaptado do mesmo.
Vários estudiosos da obra de José Saramago falaram não só do livro em questão como de outros livros que, também eles, são símbolos da literatura portuguesa, como é o caso de "Memorial do Convento", "Evangelho Segundo Jesus Cristo" e o "Ano da Morte de Ricardo Reis".
Sou uma "saramagista" assumida, admito. No entanto, quer-se odeie ou quer se ame, a verdade é que ele, até hoje, é o único prémio Nobel português da Literatura. Nas suas entrevistas não se identificou como sendo um romancista, apenas escreve quando tem algo para dizer. As suas personagens encarnam a "vida" e encarregam-se de falar de algumas das suas preocupações sociais.
Todos nós sabemos das escolhas políticas do escritor e do interesse em que este tem de expôr a realidade do mundo em que vivemos. No entanto, e ao contrário do que escreve Ricardo Reis, não nos devemos contentar em saber que a sabedoria de cada um de nós esteja em assistir ao espetáculo do Mundo.
O livro "Ensaio sobre a Cegueira" é uma das provas do que acabei de referir. Fala daqueles que vêem sem ver, daqueles que cegam sem cegar, dos que vivem sem viver...Fala-nos da falta de solidariedade, do individualismo, da solidão das multidões, do nosso lado mais animalesco, da nossa capacidade instintiva de sobrevivência. Para mim, este livro é o livro de referência da obra de José Saramago e a sua adaptação ao cinema ficou deveras surpreendente. Afinal esta cegueira branca afecta-nos a todos e como diria José Saramago no seu livro "Memorial do Convento" "O homem só será feliz quando todos os homens forem reis e todas as mulheres rainhas"...

domingo, 2 de novembro de 2008

Memórias

Há que deixar a vida tomar seu curso...
Há que saber perder e ganhar.
Há que escapar a situações,
Há que deixar pessoas para trás...
Há encontros que nos são amargos
Existem outros que nos fazem recordar
Que tudo na vida tem seu significado
E é tarde demais para podermos alterar
É viver e deixar passar
Guardar memórias
O que é bom de lembrar...
E sentir que as cicatrizes mais profundas
Um dia, também hão-de sarar...
Tenho-me a mim,
(Não me posso esquecer)
Tenho alguém em quem pensar
Se não fizer as coisas agora
nunca sairei do mesmo lugar
Não quero ser mais uma da tribo
Quero ser a invulgar
Quero fazer algo por mim,
Andar por aí a vaguear
Perder-me por entre as ruas estreitas
Deixar o tempo avançar
Quero andar por aí...
para em cada dia me encontrar
Quero uma vida livre
Quero ser pássaro
e saber não voar
Deitar-me em mil camas
e não ter pressa de acordar
Viver mais uma história de amor
Daquelas que fazem chorar
Sentir tudo,
e no final...
Deixar tudo como estava,
não limpar nem mais um canto
fazer de cada dia uma benção
e encontrar nesta vida,
todo o seu encanto...